Thursday, July 31, 2008

aniversário

estou as voltas com muitas coisas que completam seus ciclos.
cicatrizes, contratos, trabalhos, casamento, peça e nascimentos.
o que aniversaria por estes dias não são as coisas que passam,
nem o tempo ou eu. Mas é algo imprescindível que não descobri.

Tuesday, July 08, 2008

Indignação

Poucas pessoas conseguem transformar indignação em ação. Estamos condicionados a nos encolher. Medo emudece. Particularmente, as histórias de perdas me emocionam de um jeito que não sei bem por onde passa em mim. Li uma vez um conto do Sergio Sat'anna onde aos poucos ele lembrava das pessoas que haviam deixado de conviver com ele. Terminei a leitura aos prantos. Soluçando muito e sem conseguir fazer coisa alguma. E assim, eu paraliso, como quando me deparo com notícias relatadas nos jornais nas últimas semanas e outras tantas de âmbito mais próximo que venho a saber, mas logo volto a uma rotina cada vez mais diminuta. Um cotidiano menos livre e mais egoísta em seus objetivos. Quando me deparo com uma pergunta inevitável como a que me fez escrever este post: "E Nós? Não vamos reagir?", além da tristeza de sabê-la recorrente e necessária diante do que vivenciamos (ou talvez por isso mesmo), fico procurando nos atos que tenho algo de bom que me torne menos omisso. Mas não acho nada e isso não é agradável. Não é só assinando projetos, repassando emails, cuidando do voto e pagando impostos que vamos mudar alguma coisa. A tendência natural é reprimir as reações que temos, porque, em primeiro lugar, o que nos vem a cabeça são respostas agressivas e provocações mal canalizadas. Vivo em arte minhas dores e questões de vida e não julgo isso suficiente. Cuido do meu voto mas sei que se não cuidar dos eleitos não adianta nada. Tenho um discurso que busca ser bem informado e correto. Mas a vida é muito mais que isso. E não vai ser através de um nível de amor interpessoal que as coisas vão mudar. É preciso um amor imenso pelo outro e por tudo que é humano. Um amor que seja força e fúria. Que nos faça ver e mudar cada engano com o espelho do caráter honesto. Leonardo Boff disse uma vez que para fazer uma boa ação só é preciso vontade, mas que para fazer uma grande obra é necessário Indignação e Ternura. O medo maior é que se perdemos a capacidade de nos indignar realmente, as grandes obras (socias, artísticas e culturais) vão se extingüir também.