Wednesday, September 27, 2006

Balão apagado

Deveria haver uma ilha onde se pudesse soltar balões.
Feitos com papel comestível para peixes e com bucha de salmão.

Deveria haver uma ilha, onde os festivais de balão durassem dois dias
e houvessem as competições matinais e as noturnas com seus balões vazados
e suas composições em lanterninhas que formavam quadros lindos no ar.

Deveria haver uma ilha em que se pudesse chorar ao olhar pro céu
porque você viu algo em que trabalhou três anos do seu tempo vago.

Mas ainda não há, e todo balão que eu penso, vai continuar apagado.

Monday, September 25, 2006

Véspera de Selva

Já pensou-se aqui em casa, ser Selva uma extensão
de nós, de mim e Lara. Já pensou-se e assim somos véspera.

Eu, ainda sem ter perdido o outro Rio que me habita tímido,
já espero, aguardo outro mergulho.

Imergido, trago este Rio comigo.

E tragar não é só ter.
É pôr em si
e devolver.

Tuesday, September 19, 2006

Acre em mim

Nada doce ou só. Nada azedo ou parecido.
Nada amargo me invade. É só Acre em mim.

Wednesday, September 13, 2006

Rio de Janeiro, digo, Branco, e rio do erro.

A alma acreana também vem de fora pra dentro.
Há muito do que se conta escorrendo pelas ruas.
E nesse rio de histórias passadas, de boca a ouvido,
se emerge um signo. E só volta a terra quem vê seu pé
sabendo que é Brasil o que se pisa e muito fez pra sê-lo.

Friday, August 25, 2006

Seguir dói

nada além de ir a frente. seguir.
se esvai alguéns em mim, alguns.
uns algos e aléns escoam no olhar
(lugar há por onde passar), mas dói.

Sunday, August 20, 2006

Um dia por outro

Como se fosse quinta passada digo:

Me veio hoje a sensação de morte.
Não que fosse uma primeira visita,
Que nunca a tivesse sentido forte...
Atento, só, ao corromper da sorte.

Acidente, dinheiro, namoro, transe,
Acréscimo, sangue, cuidado, corte...
A morte sentida, à lendas imita
Dando-me certo que a vida expande.

Antes que venha a morte da idéia
Sigo trazendo à mim o que nasce.

Transmuto em meu barro, que sou
neste mato, as aguas que correm
encontrando o regato.

Tuesday, August 15, 2006

Ao meu lado, aqui bem perto.

De coisas que se diz sobre morte sei bastante.
Desconhecido, soube hoje o cheiro. Odor de solidão.

Um bom senhor
(não que o admirasse
ou mesmo me recorde de sua face,
mas bom se torna o pior vilão quando morre,
e não tenho notícias de que este senhor fosse ruim),
foi-se de mim, de meu convívio possível. Não sei se o vi
no pouco tempo em que vivo aqui de onde escrevo, mas foi-se.

"A polícia ficou aqui o dia inteiro", "Sozinho lá. Pra mais de uma semana"

De forte dele me ficou o cheiro. Sua janela está aberta. Há cães.
Não por lá, mas cá, sob a sola da casa em que escrevo agora.
Seu corpo já não some no ar da sala que me faz janela.
Ela, a sala, deu-lhe o último ar que trafegou-lhe.
Não que lhe estimasse a vida ou suspiro,
mas sala cabe ar, corpo e novela.
Um bom senhor.

Um livro fechado pelo meio adormeceu na estante.
Coitado, a tv estava ligada no horário de eleição.

Sunday, August 13, 2006

Não está bom não... Mas vai ficar ótimo!

enquanto se ajeita por dentro,
o menino se desagrada com a rua.

enquanto segue a organizar seu sonho,
esbarra na realidade como cego absorto.

enquanto cresce, se aprecia crescendo e
esquece de trocar a roupa que rasga

enquanto sente o choro vindo pelas costas,
nem se lembra direito por causa de quê nasceu.

enquanto vive e cumpre os dias feito adulto grande,
passeia bilha na búlica, girando entre os gudes coloridos.

girando sem cair, quase mas não, até parar. pra apostar
analisando o jogo como fica e o talento de quem vai jogar.

Wednesday, August 09, 2006

A roda gira. As vezes pára e me resta a paisagem.

Todos os sonhos e projetos estão vindo às mãos.
E da maneira mais carinhosa possível. E lenta também.
Como a maturação do casulo convertendo-se sob o sol.

Thursday, May 18, 2006

me falta um sinônimo

e sigo assim sem eufemismo então. estou deprimido.
nem tanto, não é?! deprimido não tem saco pra vir ao
blog e escrever que está. Mas pôrra, quebrado eu tô.

Wednesday, May 03, 2006

Letras Soltas

Pela rede se chega a muita coisa boa. De ler, ver, pensar. Ainda engatinho por aqui, mas breve, breve, como um lapso de tempo alheio, vou por para andar minhas letras e juntar o que há para comunicar. Enquanto isso, é só esconderijo de palavra este lugar.

Friday, April 21, 2006

Pés na Rua

Novos planos para este lugar,
mas agora não dará pra explicar.

Sunday, April 09, 2006

Bairro Nobre do meu Peito (Lara 'n j'ai Ras)

Ras é meu segredo. Lara é ela mesmo. O 'n é and em forma contracta e j'ai é "eu tenho".
Pena mesmo ser assim que me expresso sobre isso. Até porque minto.
Na verdade Não tenh coisa alguma, exceto uma vontade carinhosa
de que dure muito tempo. Casa nva. Internet em casa e volto mais.

Thursday, March 16, 2006

Ainda aos poucos

Aos poucos que me lêem aqui.
Aos poucos que sabem deste endereço.
Aos poucos vou entendendo aqui.
Aos poucos que conheço.

Aos poucos percebo a função que posso dar a este lar.
Aos poucos ganho motivação pra fazer deste meu lugar,
aos poucos que amigos são, assim sem introdução, um par.

Par meta de si. Um olho cego que vê em mim. Por dentro.
Par por ser espelho e assim, inverso dos versos meus ao dia.
Par por poder manter aqui, apesar de uma forma para expressar,
um grau maior de improviso e caminho que leva a um novo lugar.

Lugar que tenho em mim por mim e não revelo ao sol do ser
Lugar que alcanço e tenho prazer, só quando fecho pra balanço.

Friday, February 24, 2006

PréCarnavaLêsco-Lésco

Voltei e tenho ela aqui comigo.
Num outro cômodo da casa em que vivo.
João que é lindo está dormindo.

Só me lembrei de onde estávamos
em tempo, mente e coração, por ter com a amiga
que me segue e nela achar sua Lua de Outubro
onde me disse sem querer o que todo dia procuro.

Só pra não fingir que esbarrei em mim e não me vi,
eu me olhei de perto e escrevi postando o hoje aqui.