De coisas que se diz sobre morte sei bastante.
Desconhecido, soube hoje o cheiro. Odor de solidão.
Um bom senhor
(não que o admirasse
ou mesmo me recorde de sua face,
mas bom se torna o pior vilão quando morre,
e não tenho notícias de que este senhor fosse ruim),
foi-se de mim, de meu convívio possível. Não sei se o vi
no pouco tempo em que vivo aqui de onde escrevo, mas foi-se.
"A polícia ficou aqui o dia inteiro", "Sozinho lá. Pra mais de uma semana"
De forte dele me ficou o cheiro. Sua janela está aberta. Há cães.
Não por lá, mas cá, sob a sola da casa em que escrevo agora.
Seu corpo já não some no ar da sala que me faz janela.
Ela, a sala, deu-lhe o último ar que trafegou-lhe.
Não que lhe estimasse a vida ou suspiro,
mas sala cabe ar, corpo e novela.
Um bom senhor.
Um livro fechado pelo meio adormeceu na estante.
Coitado, a tv estava ligada no horário de eleição.
No comments:
Post a Comment